PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO DE TAPEROÁ-BA:
UMA HISTÓRIA DA COMUNIDADE PARA FICAR NA
MEMÓRIA
Joélia Barreto de Melo Sacramento[1]
RESUMO:
O
presente artigo trata da discussão sobre o Patrimônio Histórico edificado do
município de Taperoá-BA, interpretado no foco da memória como reflexo da
identidade popular, pois Taperoá é uma das cidades do Baixo Sul da Bahia com
grande potencial histórico-cultural, arquitetônico e natural propício para o
desenvolvimento da atividade turística. O enfoque maior dado por este, é para
as grandes, novas e modernas construções que põem a baixo todas as
antiguidades, pondo também em risco a identidade do povo, já que ela está
representada na cultura e na história acerca deste Patrimônio Arquitetônico. A
maioria das informações aqui contidas é retirada da experiência do povo,
representados com atores no processo de construção da história, ao longo dos
anos, coletando dados que pudessem descrever Taperoá, desde a sua criação,
construção dos monumentos, dando detalhes do que se julga mais importante e de
maior significado cultural. Outro fator que contribui para a deterioração do
patrimônio taperoense é a falta de planejamento urbano que tem levado ao
desaparecimento dos grandes casarões coloniais. O Turismo se caracteriza pelos
bens culturais e naturais de um lugar e depende de boa infra-estrutura para que
seja realmente explorado e pela falta de manutenção e divulgação dos recursos
culturais, o turismo de Taperoá não é desenvolvido, necessitando de ações
planejadas que visem a sua ampla efetivação e geração de renda da população.
Palavras-chave: Patrimônio
arquitetônico. Turismo. Memória.
ABSTRACT:
The present
article deals with the quarrel on the built Historic site of the city of
Taperoá-BA, interpreted in the focus of the memory as reflected of the popular
identity, therefore Taperoá is one of the cities of the Low South of the Bahia
with great description-cultural potential, propitious natural architectural and
for the development of the tourist activity. The approach biggest given by
this, is for the great, new and modern constructions that put low the all the
antiquity, also putting at risk the identity of the people, since it is
represented in the culture and history concerning this Patrimony Architectural.
The majority of the information contained here is removed of the experience of
the people, represented with actors in the process of construction of history,
throughout the years, collecting given that they could describe Taperoá, since
its creation, construction of monuments, giving details of what it is judged
more important and of greater meant cultural. Another factor that contributes
for the deterioration of the taperoense patrimony is the lack of urban planning
that has led to the disappearance of the great colonial large houses. The
Tourism if characterizes for the cultural and natural goods of a place and
depends on good infrastructure so that really it is explored and by the lack of
maintenance and spreading of the cultural resources, the tourism of Taperoá is
not developed, needing planned actions that aim at its ample effective and
generation of income of the population.
Keywords: Patrimony Architectural. Tourism. Memory
1 INTRODUÇÃO
Este Artigo tem como tema: “Patrimônio
Arquitetônico de Taperoá-BA: uma História da Comunidade para ficar na Memória”, e surgiu a partir do seguinte questionamento: Qual
a importância do Patrimônio Histórico para o desenvolvimento do Turismo local?
A finalidade é refletir sobre os
patrimônios históricos de Taperoá, seus bens culturais imóveis, e oportunidades
de desenvolvimento sustentável através da atividade turística.
Através
deste trabalho, torna-se possível a reflexão sobre os conceitos do patrimônio
histórico e turismo em relação aos monumentos existentes em Taperoá, sua
conservação e como está sendo utilizado este patrimônio para o desenvolvimento
do turismo. Bem como, estudar os bens imóveis do município, conceituando o seu
conjunto arquitetônico colonial, onde as edificações constituem o centro da
história da cidade, de seus povoados e distrito.
A
defesa e conservação do patrimônio histórico, tem se tornado importante, pois
nele está a memória da comunidade onde está inserido. Para tanto, pautado
no conhecimento teórico sobre a história acerca do patrimônio histórico e
arquitetônico de Taperoá-BA, requer um estudo mais elaborado da identidade
cultural do município. Percebe-se que a história da cidade tem se perdido, já
que os bens imóveis, representação material da cultura, têm sofrido
modificações, degradações, o que tem contribuído para o seu desaparecimento
dentro da comunidade.
A atual situação do patrimônio arquitetônico de
Taperoá, bem como, em muitos outros municípios é de descaso, pois a cada
momento que se passa, as edificações são penalizadas, dando lugar a outras com
mais modernidade, perdendo sua verdadeira identidade de estrutura colonial. É
importante lembrar que as ameaças ao patrimônio são ameaças à própria
existência da nação como uma entidade presente.
Repensar esses problemas é dar sentido a
necessidade de criação e aperfeiçoamento de políticas públicas participativas
para promover um processo de valorização e proteção do patrimônio auxiliando
também na construção de um turismo sustentável, sendo que este, desenvolvido de
maneira responsável, pode trazer benefícios no que se refere a esfera política,
social, econômica e cultural, e a essa, daremos um enfoque maior, no momento de
discussão sobre o que representa cada edificação refletida na identidade do
povo taperoense.
2
PATRIMÔNIO: DEFINIÇÃO
A
cultura popular não é estática, bem como, todo o processo de evolução da
humanidade. As pessoas, as coisas, estão sempre se modificando, pois com o
passar do tempo, vai tomando uma forma diferenciada daquela inicial. Não seria
de outra maneira com o patrimônio cultural, pois ao longo dos séculos, passam
por adaptações e mudanças gerais, acompanhada da evolução social, do avanço
tecnológico, e essa mudança será desenhada de acordo com o perfil da comunidade
onde está inserido, pois irão aparecer os reflexos do pensamento, das
ideologias, das crenças, dos símbolos e toda a ação e criação da comunidade
local, como afirma Pellegrini (1997, p. 90) “atualmente, o significado de
patrimônio cultural é muito amplo, incluindo outros produtos do sentir, do
pensar e do agir humano”. Pois, é baseado na ação do homem, que o bem cultural
recebe alterações e adaptações, que na maioria das vezes, leva-os a perder a
sua verdadeira essência.
Representado
pelos bens tangíveis e intangíveis, o Patrimônio Histórico, é marca comum a
toda a sociedade, por ser um reflexo do passado, presente no cotidiano das
pessoas, por serem acumulados de tradições e heranças, que passam a
caracterizar o local criando uma identidade própria, pautado na memória e no
valor singular que representam para a sociedade. Referendando esse pensamento é
oportuno citar:
A
expressão patrimônio cultural se aplica às coisas que cada grupo preserva,
porque nelas estão a sua sobrevivência. A noção de patrimônio engloba objetos,
técnicas, espaços, edificações, crenças, rituais, instrumentos, costumes,
explicitados no cotidiano das pessoas. (LUCENA
1991, p. 10).
Esses bens patrimoniais podem ser
divididos em três grupos que são os elementos naturais, os elementos de saber e
os elementos culturais, que tem o seu surgimento dos dois primeiros grupos.
[...]
Primeiramente, arrola os elementos pertencentes à natureza, ao meio ambiente.
São os recursos naturais, que tornam o sítio habitável. [...] O segundo grupo
de elementos refere-se ao conhecimento, às técnicas, ao saber e ao saber fazer.
São os elementos não tangíveis do Patrimônio Cultural. [...] o terceiro grupo
de elementos é o mais importante de todos porque reúne os chamados bens
culturais que englobam toda sorte de coisas, objetos, artefatos e construções
obtidas a partir do meio ambiente e do saber fazer. (LEMOS, 2004, p. 8-10).
O
primeiro grupo pode ser representado pelas paisagens naturais: florestas, rios,
dunas, praias, montes, entre outros e, em Taperoá, podem ser apreciados, os
rios que margeiam o município, com inúmeras cachoeiras, propícias para banho em
suas piscinas naturais, os altos montes, as serras, que servem de observatório
para as Ilhas do Arquipélago de Tinharé, as matas com árvores centenárias e
toda sua biodiversidade.
O
segundo tem a representação do conhecimento que o homem utiliza para
estabelecer-se na sociedade ao longo do tempo, como: técnicas e artes, entre
outras. É nesta categoria que estão inseridas as habilidades humanas, pelas
quais se podem observar o manejo na agricultura familiar, muito contemplada
pelos taperoenses, por ser a principal atividade econômica, as técnicas
utilizadas na pesca artesanal e na criação de produtos manufaturados.
Já
no terceiro grupo, os bens culturais que podem ser objetos e construções e, se
dividem em móveis e imóveis. Possíveis de serem colecionados, os bens móveis
podem ser compreendidos por tudo aquilo que se pode transmitir para outrem,
movimentando-os como: fotografias, músicas, selos, lendas. Os imóveis são
considerados como igrejas, casas, praças, ruas, enfim, as edificações. Sendo
Taperoá representados nesta categoria, pelas construções coloniais, ostentando
o casario do centro histórico situado à Praça da Bandeira, e demais edificações
existentes no entorno, inclusive as religiosas.
O
Patrimônio arquitetônico, dialogado no mais puro contexto, refere-se às
construções militares, civis e religiosas que caracterizam o espaço onde estão
implantados, delineando e representando a sociedade e sua história ao longo do
tempo, pois remete a memória do tempo em que foi construído, levando o
indivíduo observador a retornar na história de maneira a tentar entender os
traços da época, o tipo de vida das pessoas que habitavam aquele lugar, que por
originalidade ou por tendência arquitetônica, erguiam tão singulares obras
primas que mesmo seguindo um padrão, já davam lugar ao ineditismo, com seus
palacetes, sobrados, igrejas e muitos outros.
Em
seu conceito etimológico, baseado em Luft (2001, p. 452) “a memória é uma
faculdade de lembrar”, se configurando pela sua importância cognitiva no
processo da aprendizagem. As representações do passado e a lembrança das
experiências vividas estão presentes na mente de cada individuo, criando
oportunidades de reflexão sobre o comportamento humano e aquisição de novos
conhecimentos.
A
identidade de uma comunidade é fruto da lembrança dos fatos, dos atos, que
compõem a construção da história, e que através da memória está presente no
cotidiano das pessoas, marcando e reafirmando a cultura local, conhecendo e
interpretando o modo de vida da população. É necessário manter viva a
lembrança, pois na medida em que se busca rememorar, torna mais claro o
sentimento de pertença, de propriedade, de participação. Segundo Lucena (1991,
p. 22), “a existência da memória viva pertence à realização da identidade. A
memória é construída pelos indivíduos a fim de que eles próprios produzam uma
história de vida singular ou plural”. A história da comunidade, agregada aos
valores sociais, constituem a sua cultura, criando a sua própria identidade, e
é ela que vai definir e diferenciar cada grupo social.
O
grupo social, reconhecido pela identidade coletiva, tem como papel fundamental,
garantir que a sua memória seja preservada. A identidade, referenciada na sua
cultura, pode ser representada pelos bens tangíveis e intangíveis, a forma de
expressão, de culto, de arte, de viver. Tudo isso é passível de destruição e
esquecimento, se não for cuidado e conservado para as gerações que ainda virão.
Pensar na destruição do patrimônio é
refletir sobre uma memória que também tem sido destruída, já que o conceito de
Patrimônio está pautado no conceito de memória quando esse patrimônio é
valorizado e preservado. A destruição gerada pela falta de interesse e pelo
descaso da comunidade local afeta a memória do passado e também do futuro, já
que o patrimônio arquitetônico, como parte integrante do legado cultural, se
caracteriza como forma edificada da identidade de um povo. “A memória é um elemento essencial do que se
costuma chamar identidade, individual ou coletiva, [...] A memória, onde cresce
a história, que por sua vez a alimenta, procura salvar o passado para servir o
presente e o futuro”. (LE GOFF, 1996, p. 476- 477).
Representando a conservação do passado, a memória
garante a identidade social que está representada nos bens culturais, nos monumentos, que procuram trazer à
lembrança os acontecimentos de uma localidade. A preservação do patrimônio,
entendida como forma de perpetuação do legado cultural, depende de alguns
fatores como o político, o econômico e o social, pois envolvem os elementos
representativos de uma sociedade. Necessitando ser mantido o dialogo para a
decisão acertada do que se deve ser preservado. Neste sentido, se não houver a
preocupação coletiva em garantir a permanência da cultura, a identidade
coletiva se perderá, e as gerações futuras ficarão alheias a uma história sem
registros, sem poder ao menos compreender os caminhos pelos quais sua
comunidade pode percorrer.
A perda
progressiva da memória individual no decorrer do tempo equivale à perda
progressiva da identidade individual. O mesmo acontece quando se lida com
grupos sociais ou coletivos: quando a memória social é reduzida, anulada ou
abafada, a sociedade perde a habilidade para manter o registro de sua própria
história. A identidade se extravia e os personagens perdem sua capacidade de
interpretar seu papel no palco social. (LUCENA, 1991. p. 22).
A reflexão sobre a memória
individual e coletiva vem sofrendo sérios agravantes no seio da comunidade
taperoense, devido a falta de compreensão da grande maioria dos munícipes, pois
estes não entendem da importância que é a cultura local, não tem consciência da
representação histórica, social e até mesmo econômica. Uma enorme massa popular,
com formação e conceitos acadêmicos, bem como, empresários e pessoas comuns, de
pouco conhecimento científico, ignoram e desqualificam a sua própria
identidade.
3 TAPEROÁ: BREVE HISTÓRICO
Taperoá
é uma cidade localizada na Região do Baixo Sul da Bahia, com pouco mais de
18.000 (dezoito mil) habitantes, fundada em 1561 e elevada a categoria de
cidade em 1916, quando houve a sua emancipação política. Historicamente situada
na Capitania Hereditária de São Jorge dos Ilhéus, contam que a primeira penetração
em seu território ocorreu por dois pescadores que desceram de canoa através do
rio Jequié a procura da ilha de Tinharé, tocaram o solo taperoense onde
saltaram a procura de água. Porém, através de pesquisas feitas, concluem que
pela habitação de índios, originou-se uma aldeia chamada de São Miguel de
Taperoguá, fundada pelos jesuítas em 23 de novembro de 1561. A aldeia indígena
tomaria o nome de Taperoá, que vem da palavra tupi Taperoguá, que significa:
morador das ruínas e destroços. Dizem, os antigos moradores que a cidade
recebeu esse nome, por causa de uma tapera que existia próxima à fonte se São
Brás, monumento que será ainda citado. (PINHEIRO, 1989).
O
patrimônio histórico de Taperoá começou a ser constituído no mesmo ano de 1561,
onde foi erguida a primeira capela, invocando a São Miguel como padroeiro.
Porém, sem registros das causas, o templo foi demolido em 1620, e ainda neste
ano, o Capitão Lucas Fonseca Saraiva, fez construir no mesmo local, em cima da
colina, a igreja de São Brás, já que este santo o livrou de um mal na garganta
e o beneficiário o quis homenagear. (PINHEIRO, 1989).
Em 1737, a capela de São Brás
passou a pertencer à freguesia de Cairu e em 1813, já pertencendo à Valença,
foi separada e recebeu o título de curato, em 11 de outubro de 1819, é
desmembrado de Valença, ficando na área de Nova Boipeba, que é hoje Nilo
Peçanha. Em 1838, mais precisamente em 1º de junho, a freguesia de São Brás é
criada e elevada à categoria de vila, mediante a lei nº 67. Somente em 1º de
abril de 1916 é que Taperoá teve a sua sede municipal com foros de cidades, por
força da lei estadual nº 1131, sendo administrada naquele período por Manoel
Magno Cesar de Oliveira. (PINHEIRO, 1989).
Por
volta do século XVIII, desembarcou nas suas terras, cerca de cem famílias de
irlandeses, construindo a primeira colônia agrícola que se chamou de Santa
Januária, estabelecendo-se às margens do rio do Engenho, que mesmo recebendo
ajuda governamental ela não prosperou e o núcleo foi se desfalcando,
permanecendo neste lugar apenas 12 irlandeses. Mesmo antes dessa colônia, já
havia a presença de portugueses e italianos que começaram a edificar as
residências com estrutura colonial e explorar os ramos de atividades agrícolas,
comerciais e madeireira, dentro do povoado. (PINHEIRO, 1989).
Os
anos avançaram e as edificações foram tomando lugar dos terrenos vazios, a
cidade e seu entorno foram ganhando uma estrutura mais urbana, e com o passar
do tempo já existiam inúmeras ruas, ostentando seus casarões, e, no caminhar do
tempo, se percebia o aumento gradativo do número de pessoas. As construções de
estradas e pontes, ligando um município a outro, serviu para que esse crescente
desenvolvimento pudesse ser constatado. A cidade já contava com a Liga de
Assistência Médica e, a partir da segunda metade do século XX, muitos
progressos aconteceram, como a construção de um campo de pouso, a implantação
da indústria de dendê, a Óleos de Palma S.A – OPALMA. Aconteceu também, a
instalação da primeira bomba de gasolina, seguido da construção da rodovia
Valença – Taperoá, bem como, outras estradas dentro do próprio município, o que
facilitava o escoamento dos produtos agrícolas para a cidade e, daí ser
comercializado e enviado para Salvador pelos navios que atracavam no porto, no
Canal do Salgado.
Nas
fotos abaixo, tiradas do alto da colina da Igreja de São Brás, percebe-se bem o
crescimento da cidade, as modificações ocorridas, ao longo dos oitenta anos de
progresso, bem como, se vê o avanço da terra em direção ao mar e muitas
reformas das construções antigas modificando-as para outras mais novas e não
mais bonitas.
Figura 01: Vista parcial da cidade, tirada
em 1929.
Fonte: Pinheiro (1989).
Figura 02:
Vista parcial da cidade, tirada em 2009.
Fonte: Autora (2009).
A primeira foto, retirada do
livro do saudoso poeta Osmar Pinheiro, ilustra a cidade de Taperoá colonial,
sem a sua praça principal, mas com toda a sua beleza arquitetônica. Já na
segunda foto, a visão é de uma cidade mais arborizada, mantendo ainda, alguns
traços coloniais, porém, escondida entre novidades e modernidades.
3.1 BENS CULTURAIS
Muitos
atrativos podem ser visitados no município de Taperoá como bens culturais
imóveis, dos quais se podem citar: a Praça da Bandeira situada no centro da
cidade, tendo um obelisco onde constam informações do ano de fundação da
cidade, a posição em relação ao nível do mar, as coordenadas geográficas, entre
outras. Tem registro do início da obra datada de 1944. Em seu entorno estão
concentrados os grandes casarões de relevante imponência, que em seu conjunto
arquitetônico configura-se como o centro histórico da cidade.
Figura
03: Foto Parcial da Praça da Bandeira, Obelisco central
Fonte: Autora (2009).
Outra
obra, que se configura como a mais antiga e mais importante para a comunidade é
a Igreja de São Brás, construída em 1620 no ponto mais alto da cidade, tendo
acesso também pela Praça da Bandeira, através de 165 degraus. Do adro avista-se
toda a cidade e a ilha de Cairu. Trata-se
de uma capela do século XVII, de relevante interesse arquitetônico, Na época de
sua construção tinha 16,80m e quando sofreu sua primeira reforma, no ano de
1857, quando adquiriu traços do neoclássico em seu interior e teve um aumento para 20,20m. Depois desse
ano, passou duas vezes por melhoramentos, uma em 1951 e outra em 1956, quando
fora substituído todo o telhado, feito o serviço de ladrilho e piso cimentado
do adro. Ainda neste ano, o artista Miguel Araujo pintou os quadros, existentes
nas laterais internas da igreja. (PINHEIRO, 1989).
Figura 04: Igreja de São Brás
Fonte: Queiroz
(2009).
No
século XVIII era construída a capela de Nossa Senhora da Boa Morte, situada no
povoado de Jordão, encontra-se edificada numa elevação na BA-001, que liga
Taperoá à Nilo Peçanha, tendo acesso por uma escadaria de 33 degraus. A sua
construção foi iniciada em 1707 pelo português José Góes Pinto. Sua inauguração
aconteceu com a primeira missa do galo do Baixo Sul, ali celebrada em 25 de dezembro
de 1707. Possui alpendre arqueado circundando os dois lados da nave. Sofreu
alterações, sendo a mais evidente a construção de uma torre em 1945. Há em suas
paredes os registros da história, que a cada melhoria realizada, procura-se
mantê-los para que possam as novas gerações terem conhecimento acerca dela,
como também, servir de base para pesquisas e estudos científicos mais detalhado,
de onde também foram retiradas essas informações.
Figura 05: Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte - Povoado de Jordão.
Fonte: Autora (2009).
Não
se pode deixar de falar da Capela de Nossa Senhora D’Ajuda situada no distrito
de Camurugi, à margem da BA – 001, há 6 Km da sede da cidade, trata-se de uma capela
rural construída no ano de 1856. Sua fachada sofreu modificações em 1956,
quando foram incorporados detalhes neoclássicos. Conta com um antigo cemitério,
onde pessoas de famílias tradicionais foram ali sepultadas. Possui ainda, um
antigo oratório ao ar livre, construído em pedras rústicas, arrumadas umas
sobre as outras, servindo de espaço para peregrinação dos fiéis, que vão
acender velas para os santos de devoção.
Ainda nesse segmento religioso, é
necessário lembrar a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, localizada à rua
Gilberto Passos, s/n. Sua primeira missa solene, foi a de sua inauguração em 08
de dezembro de 1929. De vez em quando, passava por alguns melhoramentos e em
1987 iniciou uma reforma que derrubou as paredes internas, para ganhar mais
espaço. Recentemente, passou pela reforma total, modificando toda a sua
estrutura histórica, dando lugar a um moderno templo. (PINHEIRO, 1989)
Dentre o casario colonial de muita
importância para cidade situado na Praça da Bandeira está o Sobrado de D.
Julieta Meirelles, construído em 1907, mas que conserva elementos de
arquitetura colonial. A fachada lateral caracteriza-se pela altura da porta
central, que também dá acesso à escadaria da igreja de São Brás. Posicionado a
cerca de um metro acima do nível da rua, possui dois pavimentos, caracterizado
pela sua parte térrea, onde funcionam quatro lojas, e na parte superior, que
seria habitável, porém, encontra-se abandonada, pondo em risco a segurança da
população. Fica no centro da cidade, próxima à prefeitura Municipal.
Figura 06: Sobrado de D. Julieta Meirelles
Fonte:
Autora
(2009).
Outra
casa imponente é a de nº 174, de propriedade do Sr. Victor Meirelles, de
relevante interesse arquitetônico, construída em um pavimento sobre porão
parcial. Data provavelmente de meados do século XIX, apresentando
características típicas do sertão. Possui três portas frontais, dando acesso a
partes distintas da casa.
A Antiga
Prefeitura, descrita como um prédio provavelmente do século XVIII, com função
residencial e que foi transformado em casa de Câmara e Cadeia, em 1847, com a
construção de mais um pavimento. Recentemente serviu às instalações do
Instituto Zélia Gattai e atualmente está ali instalada a sede da Associação dos
Municípios do Baixo Sul da Bahia (AMUBS).
Figura 08: Casa de Câmara e Cadeia
Fonte: Autora (2009).
Ainda
no entorno da Praça da Bandeira, está edificada a Farmácia Gratidão, instalada
na parte de baixo do sobrado, pertencente à família do saudoso João Ferreira
Araujo, construído por volta de 1910. Por muito tempo, foi considerado o maior
distribuidor de remédio da população. Continua ainda nos dias atuais, exercendo
a mesma função, mantendo a mesma estrutura e desenho arquitetônico original, na
parte superior, no térreo, devido ao comércio ali instalado tem passado por
reformas e melhorias.
Na
Rua Major Antonio Bittencourt, de propriedade da Srª. Luziânia Meirelles está
localizada uma casa reconhecida como vivenda urbana do início do século XIX.
Possui um só pavimento desenvolvido sobre vigas. A fachada lateral direita é
marcada pela presença de varandas, possui um recuo do nível da rua, com um
grande jardim, ainda se preserva as grades em ferro fundido, com os detalhes
originais.
Ainda
se preserva algumas casas rurais, das quais se podem citar o sobrado da Fazenda
Jenipapo, da Senhora Isabel Grizentti, situada à margem da BA – 001, próximo à
sede de Taperoá. A casa do final do século passado, apresentando influências do
neoclássico. A construção encontra-se implantada em terreno em declive, com
parte inferior edificada sobre um porão, utilizado como depósito.
Outro
Sobrado rural é o da Fazenda Boa Sorte, localizado na BA-001, no trecho Valença
- Taperoá no distrito de Camurugi. Edificado nos meados do século XIX,
apresenta planta semelhante aos sobrados urbanos, apesar de ter a gaveta de
secagem de cacau, possui escada feita em pedra e, apesar já ter passado por
restauração, continua com os traços originais, soalho em madeira e conta ainda
com toda mobília intocada.
Figura
09: Sobrado da
Fazenda Boa Sorte,
Fonte: Autora (2009).
Finalmente,
a casa da Fazenda Bela Vista, à rua Militão Cezar. Interessante casa rural
possivelmente do século XIX, situada à Beira Mar, em terreno plano.
Caracteriza-se pela planta quadrada, recoberto por telhado em pirâmide.
Dentre
outras edificações, essas mencionadas acima são de grande valor histórico para
a comunidade, sabendo-se que algumas não foram citadas devido à falta de
referencial histórico, mas que de certa forma estão presentes e representam a
memória do povo. Pensar nesse tipo de patrimônio como gerador da atividade
turística é dar significado a cada construção e a história da comunidade acerca
de cada uma delas. Dessa forma os benefícios para a cultura, para a economia,
para a preservação e proteção do patrimônio, serão muito mais nítidos. O
turismo só funciona, eficientemente, quando a comunidade é beneficiada com a
atividade, porque quando a comunidade conhece sua cultura e sua história, sabe
imortalizar suas tradições, suas expressões, seus costumes. Deve haver uma
preservação ativa em relação ao patrimônio, que re-signifique tanto as
edificações históricas quanto os objetos que representam as características de
um povo. O bem patrimonial, assim, pode revitalizar, integrando espaços e
necessidades da comunidade.
3.2 AS POLÍTICAS DE CONSERVAÇÃO DO
PATRIMÔNIO ARQUITETÔNICO DE TAPEROÁ
A
administração pública da cidade de Taperoá, ainda não tem tomado medidas
preventivas, quanto à preservação e restauração do patrimônio. Há apenas no PDU
– Plano Diretor Urbano do município, a lei nº 203/2004 da gestão do prefeito
Paulo Vianna, da Preservação e da Proteção do Patrimônio Histórico, Artístico,
Arqueológico, Cultural e Turístico, que poderá ser garantido com a efetivação
do Conselho de Desenvolvimento Urbano, e que, no entanto, já foi aprovado pelo
legislativo, como a lei nº 201/2004, mas ainda não está em exercício.
Consta
no artigo 14 da Lei de Preservação e Proteção do Patrimônio que alguns imóveis,
já passaram pelo tombamento total, junto ao Instituto de Patrimônio Artístico e
Cultural da Bahia (IPAC), que podem ser discriminados como: Praça da Bandeira,
Igreja de São Brás, Edificação nº 12, Edificação nº 174, Loja Álvares, Sede da
Fazenda Jenipapo, Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte e Igreja de Nossa
Senhora da Conceição. Todos estes, mesmo tombados, são submetidos às modificações
e restaurações sem a prévia aprovação, ou sem autorização do órgão responsável.
O
patrimônio arquitetônico do município de Taperoá corre o risco de ser perdido,
pois apesar de existir a lei que o protege, a maioria das edificações de valor
histórico não está registrado no livro de tombo da prefeitura. Sem contar que
alguns de imponência relevante, já se deterioraram e foram trocados por
construções comerciais modernas. Muitos perderam sua verdadeira essência,
passando pelas modificações deixaram o aspecto rústico, de valor impagável para
a história, pois haviam nesses locais, sobrados de beleza singular, como o dos
Meirelles, situado à esquina da Rua Saul Oliveira, com três andares, decorado
com pinturas originais de grandes homens da elite brasileira, esculturas entre
outros artefatos. Ainda outras edificações, com adornos neoclássicos, que
ruíram frente a falta de consciência e a ignorância popular.
No
lugar desses espaços de história, foram construídos supermercados, lojas de
móveis e eletrodomésticos, de brinquedos, de roupas, tudo para promover a
realização financeira, satisfazendo o ego e perdendo em identidade. Nesse
pensamento, Lucena (1991. p. 26) afirma que “O tempo da modernidade significa o
predomínio das relações do dinheiro, da máquina sobre os outros vínculos e a
perda sistemática das manifestações culturais”. Nisso se confirma que o capitalismo, a necessidade humana de ganhar
dinheiro e se sobrepor aos outros indivíduos, tem levado a essas perdas
históricas e culturais, sendo que as mesmas construções enquanto
históricas poderiam trazer muitos benefícios para a economia local, podendo ser
espaços de visitação turística, meios de hospedagem, e todo o município
lucraria com isso, que ao contrario, a realidade é bem diferente, poucos
lucram, enquanto muitos continuam desempregados.
Um
fator que muito tem agravado essa situação é a falta de planejamento urbano,
pois o centro comercial está instalado nessa área onde há a maior predominância
do patrimônio, levando os comerciantes a demolir as antigas construções,
edificando outras mais amplas que atendam as suas necessidades. Segundo
Portuguez (2004, p. 42) “Nas cidades
históricas, os planejamentos turísticos, urbanísticos e de patrimônio cultural
não podem continuar a ser ignorados. São três pilares básicos para se obter uma
recuperação urbana integrada...”, o que mudaria a situação caótica, pois o maior fluxo de pessoas e veículos
de todos os tamanhos trafegam também nesse espaço. Muitas vezes provocando
pequenos acidentes contra o patrimônio. Uma observação que se pode ser feita
nesse aspecto, é que na medida que o centro da cidade, compreendida pela Praça
da Bandeira, a Rua Marechal Deodoro e a Gilberto Passos, se sufoca, com o
acúmulo de casas comerciais, residenciais, edificações antigas, carros, pessoas
e animais, os bairros no entorno não se desenvolve, aumentando o nível de
pobreza, de tendência ao alcoolismo e a prostituição.
O processo de formação das cidades
brasileiras favorece o adensamento de grandes núcleos populosos, fazendo com
que a ausência de planejamento urbano seja sentida em cidades consideradas
históricas ou não. [...] a falta de planejamento urbano engloba os processos de
favelização das encostas e entorno da cidade, o adensamento e a
descaracterização das edificações do Centro Histórico [...] (GRAMMONT, 2006, p.
457).
Há por um lado a falta de interesse
do poder público, por não levar em conta o valor histórico cultural e também
não acreditar no desenvolvimento econômico como potencial turístico, e dessa
forma não toma providências quanto a conservação do patrimônio e, por outro
lado está o comodismo das pessoas, que, mesmo aquelas com conhecimento e
consciência da importância que tem esse patrimônio arquitetônico, acerca da
memória e identidade do povo, não tomam nenhuma atitude, no sentido de impedir
a deterioração, ou mesmo na tentativa de conscientizar a comunidade.
Poucas
são as pessoas conscientes do valor significativo das obras arquitetônicas do
município, que com todo o custo se dispõe a preservar, porque acreditam que
representam parte de suas vidas e não se desfazem das lembranças a elas
atribuídas, como é o caso da senhora Ana da Silva Campos Guimarães, conhecida
por todos como Dona Naninha, que seguramente, defende a permanência de seu
antigo casarão na Fazenda Boa Sorte.
[...] Quando chegaram aqui, com a
proposta de comprar aquele sobrado eu perguntei pra Isabel, minha filha, se ela
queria vender e ela disse que não venderia, porque é a relíquia do pai dela,
pois ali naquela casa muitas coisas boas aconteceram e é uma forma de manter
viva a lembrança daquele tempo. [...] tem dois anos que comemorei meu
aniversário de oitenta anos naquele casarão. (GUIMARÃES, 2009).
É
notável o interesse da proprietária em manter viva a memória de sua família,
que inclusive a sua filha já tem uma consciência formada sobre a importância do
monumento para a história da sua vida. Pois estão implícitos os sentimentos, as
lembranças de uma pessoa importante para elas.
Ainda
seguindo esse pensamento, a comunidade do Jordão, onde está construída a Igreja
de Nossa Senhora da Boa Morte mantém viva a sua identidade, fazendo com que o
referido patrimônio, permaneça como a planta original, e nessa afirmação, o
representante da comunidade, diz: “Estamos o tempo todo tentando restaurar o
que é necessário, porque todas as pessoas da minha comunidade foram batizadas
naquele templo e cresceram na fé ali, desde o meu bisavô até a minha filha”.
(PRAZERES 2009). Diante de um depoimento como este, fica claro que só
participando da história acerca do bem patrimonial é que se constrói um
sentimento identitário, de proteção e preservação.
Para
a realização do turismo é indispensável alguns elementos essenciais que lhe
servirão de atrativos, como o patrimônio natural, representado pelas paisagens
naturais, praias, rios, matas; patrimônios culturais, representados pelos
monumentos históricos, museus, manifestações artísticas; equipamentos e
serviços como hotéis, restaurantes, transportes; e, infra-estrutura de apoio,
como sistema de comunicação, segurança, médico-hospitalar. É uma atividade
econômica que está ligada ao setor de serviços e oferece empregos diretos e
indiretos, gerando mão-de-obra e aumento na economia local. É com esse olhar
que o presidente Lula, no Plano Nacional de Turismo 2007/2010 diz que além de contribuir para tornar o Brasil
mais conhecido ao olhar estrangeiro, e ao nosso próprio, o turismo aciona uma
gigantesca engrenagem de oportunidades de trabalho e renda em diferentes pontos
no nosso território.
O
turismo exerce um papel de destaque na preservação da cultura, pois na medida
em que esta cultura é cenário de visitações e apreciações, a comunidade local
terá a preocupação em manter, em dar continuidade aos benefícios que este
atrativo lhe permite. Camargo (2002, p. 93) diz que “a parceria planejada e bem gerenciada entre
patrimônio e turismo é uma alternativa eficaz com a criação de novos postos de
trabalho”. Ambos os lados se beneficiam, pois é só através da beleza cultural,
constituída como atrativo, que o turismo pode acontecer, gerando emprego,
renda, movimentando a economia. Já o bem cultural, valorizado através da
atividade turística, passa a receber mais cuidados, incentivos, e todo o meio
de proteção necessária.
O turismo deve trabalhar com o
espaço da comunidade existente, redescobrindo seus valores, seus sentidos e
suas riquezas culturais, para que possam ser valorizados, através dos
viajantes, que entrem em contato com a identidade de grupos sociais,
detentores, de fato, dos bens culturais de uma comunidade. A comunidade
detentora dos atrativos turísticos deve está envolvida nas atividades
relacionadas à área, pois ela passa a ganhar em vários aspectos, inclusive na
economia. Para os visitantes os lucros serão qualificados como conhecimento,
lazer, diversão, já que, quando saem de sua terra natal, é com o propósito de
vivenciar novas experiências, com boa qualidade de serviço.
As
atividades turísticas são seriamente dependentes do modo como as comunidades
desenvolvem suas relações com os turistas. Os turistas preferem os lugares onde
as pessoas são amistosas. E para que isso seja possível o desenvolvimento do
turismo só deve ser promovido incluindo as idéias e opiniões da comunidade
local. Isso quer dizer que a satisfação das necessidades locais pode permitir a
satisfação das necessidades do turista, uma filosofia de “ganha-ganha”, que é muito
atraente. (FARIAS, 2003 apud HALL, 2000,
p. 30).
O turismo, em Taperoá, é uma das atividades econômicas, que
ainda não teve início, devido à falta de divulgação e manutenção dos seus
atrativos. Com uma vasta história, e um patrimônio natural, arquitetônico e
cultural riquíssimo, o município perde em não receber visitantes que só
ajudaria na economia local. Ainda é preciso que a administração pública
redescubra o seu potencial e forneça uma infra-estrutura de acordo com as suas
necessidades. Bem como, necessita da participação comunitária, já que o turismo
cultural vai tratar do modo de vida das pessoas, se elas estão por fora do
processo de construção do planejamento turístico, será mais difícil a atividade
turística que é ainda inexistente, criar raízes e se estabelecer de verdade.
4
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Compreendendo que o termo patrimônio
se configura pela sua abrangência de significados, arrolam nesse sentido os
aspectos naturais, culturais e de conhecimento, de modo que, os aspectos
culturais, fruto do imaginário, da experiência de vida, dos sentimentos e do
agir humano, transportam-se de uma geração para outra, ganhando traços e
adaptações ao longo dos anos. As edificações de acentuado valor histórico,
guardam em si, muitas experiências de pessoas que ali viveram e desfrutaram do
conforto, por elas proporcionado, por essa e por outras razões, a
sociedade em qualquer parte do mundo deve perceber o Patrimônio arquitetônico,
não apenas como objeto de apreciação, ou mesmo como produto de desenvolvimento
econômico através da atividade turística, mas acima de tudo, como marco de
realizações para as pessoas que viveram em outras épocas, valorizando-os como
parte da história da comunidade, pois cada pedra, cada tijolo, cada madeira,
significaram para seus construtores, moradores e admiradores, parte de uma
realização pessoal refletida na memória ainda visível nos dias atuais.
O
Patrimônio Arquitetônico tem o seu lugar de destaque na vida comunitária, pois
a sensação de pertencimento e a afirmação da lembrança estão implícitas no
cotidiano de cada ser, enquanto indivíduo e mais ainda, enquanto grupo, por ser
a memória coletiva uma peça importante na construção da identidade popular.
Nesse sentido, a ativa participação da comunidade na conservação do seu
patrimônio torna-se eficaz, garantindo a permanência da cultura local, e a
re-significação da sua história.
O patrimônio histórico
edificado de Taperoá, caracterizado pelas construções coloniais dos séculos
XVIII e XIX, tem um valor singular na vida de quem os aprecia, embora, nem toda
a população taperoense tenha a mesma admiração pelas antigas obras
arquitetônicas, é incontestável a sua significação para a construção da
história local. No entanto, tem sido notável a perda constante das qualidades
estéticas desses monumentos, com as agressões contra a história representada
por significativas obras. O reconhecimento do valor histórico, atribuído a cada
construção é um passo muito importante para uma discussão acerca da possível
intervenção no sentido de preservar a memória, restaurando e criando meios de
proibir a destruição patrimonial, instigando a necessidade eminente de garantir
a manutenção da cultura popular e a identidade taperoense.
Esse trato necessário às
antiguidades locais se torna indispensável para o desenvolvimento social,
político e econômico através da atividade turística, que apesar de ainda ser
inexistente, mas em potencial, a partir da valorização e da divulgação desses
recursos históricos podem aumentar o fluxo de visitantes, gradativamente, como
o passar do tempo e assim, gerar renda e sustentabilidade, para a população
local, como também, para o patrimônio, criando oportunidades e efetivando as
prestações de serviços criadas no interesse de atender a demanda turística.
Para desenvolver o turismo a
partir dos bens culturais e de outros bens que Taperoá possui, é antes de tudo
necessária a participação efetiva da comunidade no planejamento de todas as
ações, bem como na execução de todas as etapas, já que é a própria comunidade
quem deve se beneficiar, direta ou indiretamente, com o fortalecimento da
economia local. Outro fator importante, é que as pessoas envolvidas aumentam
sua consciência no que diz respeito à conservação, pois passa a compreender sua
cultura, sua história e saber assim, imortalizar sua identidade. Dessa maneira,
a atividade turística pode ser eficiente em dois sentidos, o primeiro é
caracterizado pela melhoria da qualidade de vida na esfera econômica da
população, e o segundo é constituído pelo sentimento de pertença, pois os bens
patrimoniais passam a significar a inclusão social aumentando o orgulho em
possuí-los criando o desejo de manter sua história e perpetuar sua identidade.
REFERÊNCIAS
BAHIA. Prefeitura Municipal de
Taperoá. Lei nº 203/2004, da preservação
e proteção do patrimônio histórico, artístico, arqueológico, cultural e turístico.
Taperoá: Prefeitura Municipal de Taperoá, 2004.
BRASIL.
Ministério do Turismo. Plano Nacional de Turismo 2007/2010 – Uma Viagem de
Inclusão. Brasília: Ministério do Turismo,
2006.
CAMARGO,
Haroldo Leitão. Patrimônio Histórico e
Cultural. São Paulo: Aleph, 2002.
FARIAS,
Gustavo V. A. A participação da comunidade no planejamento do turismo. Turismo Tendências e Debates, Salvador,
Ano V, nº 5, jan./dez. 2003, 2003.
GUIMARÃES,
Ana da Silva Campos. Patrimônio
Histórico de Taperoá. [dez. 2009]. Entrevistadora: Joélia B. M. Sacramento.
Taperoá. Entrevista concedida para a concepção de trabalho acadêmico.
GRAMMONT, Anna Maria de. Ouro Preto: problemas de um
patrimônio histórico no início do século XXI. Revista Científica Turismo Visão e Ação, Itajaí, v.8, nº 3,
p.455-467, set./dez., 2006.
LE GOFF, J. et al.
História
e Memória. 4 ed. Trad. Bernardo Leitão.
Campinas, São Paulo: UNICAMP, 1996.
LEMOS,
Carlos A. C. O que é Patrimônio
Histórico. São Paulo:
Brasiliense, 2004. (Coleção Primeiros Passos; 51).
LUCENA,
Célia. Linguagens da Memória. São
Paulo: FDE 1991.
LUFT, Celso
Pedro. Minidicionário Luft. 20. ed. São Paulo: Ática, 2001.
PELLEGRINI,
Américo. Ecologia, Cultura e Turismo. São
Paulo: Papirus, 1997.
PINHEIRO,
Osmar. Taperoá: Minha Terra, Minha Gente
e sua Política. Salvador: Contemp, 1989.
PORTUGUEZ, Anderson Pereira (org.). Turismo, Memória e Patrimônio Cultural.
São Paulo: Roca, 2004.
PRAZERES,
Ricardo Correia. Patrimônio Histórico de
Taperoá. [dez. 2009]. Entrevistadora: Joélia B. M. Sacramento. Taperoá.
Entrevista concedida para a concepção de trabalho acadêmico.
[1] Graduada em Turismo pela Faculdade
Zacarias de Góes. Pós-Graduanda em
Metodologia do Ensino da Língua Espanhola pela Faculdade de Tecnologia e
Ciências.
Artigo Científico apresentado a Faculdade Zacarias de Góes, através da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso - TCC, com a orientação da Professora Claudia Rios e Gabriella Melo.
Artigo Científico apresentado a Faculdade Zacarias de Góes, através da disciplina Trabalho de Conclusão de Curso - TCC, com a orientação da Professora Claudia Rios e Gabriella Melo.
"Quem foi o Major Antonio Bittencourt?
ResponderExcluir